quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Viterbo, uma pérola medieval na Itália

Viterbo, uma pérola medieval na Itália



Tive o prazer de participar de uma palestra com você ontem no Lounge Cyrela. Como diz o Salotto, uma conversa na sala de estar. Foi muito bom, um clima aconchegante, descontraído, e a grata surpresa de estar frente a uma pessoa comunicativa, cativante e com poder de aproximação. Obrigada pela noite Consuelo.



Claro que cheguei em casa e fui logo conhecer seu Blog e foi uma experiência incrível passear por ele, partilhar experiências e conseguir desconectar para dormir, porque o dia seguinte, no caso hoje :) é "dia de branco" e levanto muito cedo.



Gostei muito de lhe conhecer, conhecer pessoas que estiveram no evento por você e com você, que te seguem, e ter também muitas coincidênciais (não é Rita?), você ganhou mais uma seguidora!!!



Adorei "conhecer" Viterbo com você e "participar" do Casamento Italiano!!



Boa semana,



Beijos



Márcia / Ester

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Siga em frente

É tempo de florescer. Ou reflorescer. Se encontrar. Ou se reencontrar. Um passeio sem fim. Uma vida sem nó. Um olhar descabido de angústias passadas. A angústia só vale se tiver saindo do forno, novinha, quentinha. O medo, só se for do futuro, do inesperado, do inexistente. A vida abre as portas pro que há de vir, sem dó, sem receio. O passado existe para os saudosos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Suspiro

Porque o vazio entra e saí?
Fácil seria viver com ele, aceitar de vez que ele existe ou, simplesmente não tê-lo.
Ele vive entrando, saindo, voltando, ficando, instalado, sumido, embreagado, disposto, massante, cessante.
Suspiros.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A ENTRADA

  Seus sonhos estavam espalhados pelo chão. Planos... Sem forma... Misturados com as talhas de madeira no chão. Não havia nada no futuro. Morrer seria exatamente igual a viver. Ou melhor talvez? Ela não sabia... Mas não tinha vontade de morrer realmente.. Mas a sensação da cabeça e do coração sem sofrimentos, sem parar de queimar, iria desaparecer quando? Não tinha vontade de fazer absolutamente nada...

Ela queria voltar sentir o mundo de acordo com as palavras de William Goyen, em La maison d’ haleine ( a casa da respiração, talvez fosse a tradução):
“Pensar que possamos vir ao mundo num lugar que a princípio não saberíamos sequer nomear, que vemos pela primeira vez; e que, nesse lugar anônimo, desconhecido, possamos crescer, circular até conhecermos o seu nome, pronunciá-lo com amor, que o chamemos de lar, onde lançamos nossas raízes, onde abrigamos nossos amores; de forma que, cada vez que falamos dele, o fazemos como amantes, em cantos nostálgicos, em poemas transbordantes de desejo”.



Parte II - A saída ou La maison de L'amour

E os aparelhos apitando, o pai nervoso olhava pela janela, a tia, a vó, até o priminho que não sabia direito o que fazia.
Silêncio.

Foi a enfermeira gorda e desajeitada que ouviu o primeiro respiro sair bela boca da menina.
Sim, era uma menina, magricela, careca, pequena.
Os médicos olharam assustados, nunca tinham visto nada assim.
- Olha dona, a sua criança tem que ser estudada, é o primeiro caso desses que vejo em toda minha carreira.
A mãe, confusa e dopada
- Mas doutor, ela é perfeita! Tem todos os dedinhos dos pés e das mãos, olhinhos, boca …
- Mas dona, o problema não é o que tem fora, o problema é o que tem dentro! O coração dela é o maior do mundo, tomou conta de todos os outros órgãos, da barriga, das costas, até dos pezinhos. Aos poucos o corpinho não vai aguentar e ela vai transbordar amor por todos os lados, orelhas, bocas, por tudo.
- Doutor…
Deus me ouviu.

E respirou.







*(escrito por FP)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Bolo


Gosto azedo na boca. Gosto que não era esperado. A textura diferente... Seca... Farelenta.. Pontada na barriga. Ih.. O bolo está estragado!

Mastigando, fecho os olhos e começo a imaginar qual a sensação daquele momento. A massa gruda no céu da boca, nos dentes de cima a baixo. Sinto como se estivesse preso em meio aos meus próprios sentidos. Tenho medo. Páro de exercer o movimento e sinto uma enorme vontade de por pra fora toda essa massa que se apegou a mim. Sai daqui!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Triângulo Audacioso

Os tempos não andavam bons. Nem lá, nem cá. A moça, morava em Florença e sentia-se só, sem expectativas, nem projetos. O rapaz, usava o mar como forma de refúgio, porque a rotina em Florianópolis estava muito quadrada e sem sal. Apenas o mar pra salgar seus desejos.
Foi então que Julia se viu apegada demais a seu computador, e mais, se deu conta de que só restaram amigos virtuais naquela cidade tão linda de fora, mas tão fria por dentro. Marcelo começou a reparar na presença de Julia. Seu status andava sempre online e decidiu puxar papo com a moça que mesmo longe, andava sempre tão acessível.

Marcelo:

Oi ju, qto tempo. Como vc ta?

(“eu sei que não deveria falar com ela...”)

* Jú *:

oi...

(palpitções no coração e o pensamento “ ele está realmente falando comigo.. depois de tudo que aconteceu”)

td ótimo.. e vc, como andam as coisas?

(“ótimo? Que mentira descarada”)

Marcelo:

(“ela respondeu..ótimo..é, eu imaginava...” palpitações no coração dele também “o que vou dizer agora? Desde que ela foi embora, as coisas andaram para trás. O mar não é mais tão quente. As ondas não são mais redondas. A água não é mais clara. É turva. A vida marinha parece que sumiu diante dos meus olhos. Devo dizer isso a ela? Pra que, se ela não está aqui. Como se isso tudo importasse a ela... Agora sei que não importa mais. Foi o que ela me disse naquele dia... o dia que guardo com rancor e carinho.”)

tudo bem..

(“mentira”)

Ambos estavam com medo. Muitas vezes o medo serve como freio para evitar situações muito arriscadas. Mas o medo também pode servir como alavanca para nos jogar adiante, evitando os sofrimentos que vivemos no passado, experimentando novidades.
Florença e Florianópolis, enquanto não se resolviam, usavam o mar e o frio como fatores de distração. Agora com o éter na jogada, tudo ficava mais fácil. Ninguém precisava olhar no olho de ninguém.
Mas o medo ficava só olhando, como se fosse outro interlocutor colocado no modo invisível, e com ele nesse modo, era impossível uma ligação com vídeo.

Quando se pensa em um triângulo, associa-se a existência de três pessoas numa relação. Mas não para Marcelo, lembrava Julia. No dia em que ela perguntou qual seria o formato da relação que tinham, ele respondeu: "Nossa relação é como um triângulo. As linhas corriam livremente, quando se cruzaram. Pense nos 3 pontos, que demarcam a forma do triângulo. Antes das linhas se cruzarem, eles não existiam. As linhas podem continuar a correr. Mas nunca poderão formar este exato triângulo novamente. Uma forma perfeita marcada pelo ponto de encontro nas linhas livres." Julia a princípio não entendeu. Marcelo pegou um papel e uma caneta. Logo tudo fazia sentido, e ela acho aquela associação maravilhosa... Mas hoje pensa na hipótese de que na sua linha de vida e na de Marcelo, cruzou a distância. "Ela que marcou a sua relação triangular em nós", pensa a moça.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

À Espera

Era um daqueles dias em que tudo podia dar certo. O encontro estava marcado para às 22:00. A moça - que não passava brilho nos lábios há dois meses - nesta noite passou. O casal iria pegá-la às 21:30, e então iriam ao bar, onde o encontro aconteceria. Lá estaria o moço, tímido/inteligente, amigo do casal, esperando por eles. Estava tudo planejado. Ele era um antigo amigo de faculdade da mulher acompanhada. Ela, de brilho nos lábios, era uma amiga recente do casal, que de quando em vez, saia com eles à procura de diversão.

Lábios secos, coração acelerado, vontade de fugir e de ficar. Era um encontro no escuro. O que ela iria encontrar, pensava. Será que vou dar conta, vou saber me comunicar, vou gostar dele? E ele de mim? Já faz tanto tempo, que nem sei mais. O que vamos conversar? Por que aceitei?

Chegamos! Entro no bar exitante, mas procuro manter ar de segurança, de confiança, de "sou mais eu e você é o sortudo que está tendo o privilegio de me conhecer"! Será que ele está percebendo o meu estado? Não, não... .

E eis a apresentação: Rodrigo (é o nome do moço), esta é a amiga de quem lhe falei, Sandra. Vocês tem muito em comum. (Ela podia ter deixado este comentário de lado. Parece que estou desesperada, jogada as traças! Arre!!!).

Rodrigo dá um sorriso, vamos em direção a mesa e nos sentamos para jantar. Que sorte, o garçom logo vem com o cardápio, adiando assim o "confronto fatal", ou seria melhor dizer fatidico? Escolhemos os pratos, os homens escolhem um vinho, e então começamos o ritual. Rodrigo pega a faquinha do prato de pão, escolhe uma das muitas variedades de paezinhos oferecidos no couvert para o nosso deleite,se serve de pate de queijo brie com nozes e damasco, passa em seu pão, e aí então, ops... . Rodrigo morde o pão e o PRÓPRIO DEDO contendo um grito de dor, mas a careta não me escapa. Será que ele também está nervoso, com medo do nosso encontro?


Logo em seguida, eu mordo a própria língua, ao mastigar o meu pedaço de pão, deixo cair a colher (Rodrigo abaixa-se e a recolhe), e nossos olhares se cruzam. O dele é suave, seus olhos grandes, redondos, negros e brilhantes, parecem sugerir que todas as cancelas demarcando os nossos territórios vão desaparecendo uma depois da outra. Deixando-nos próximos, perigosamente próximos. Ele volta à posição de sentido, sentado, uma gota do vinho do seu cálice despenca sobre a mesa, a pequena mancha vermelha, se espalha no linho da toalha até se tornar rosa, as cores fazendo o mesmo movimento do seu rosto. Ele está à espera.

A espera.... . A espera do que? Afinal, quem é o homem desta situação? Quem deve tomar a inicitaiva? Começo a pensar que tipo de homem é este a minha frente, que quando deveria se encher de coragem, ser arrojado e tentar me conquistar, partir para a investida, simplesmente está ali como uma criança que está ansiosa por um reforço, qualquer reforço que indique que pode se aproximar sem medo.

Ao mesmo tempo questiono quem inventou estas convenções? Nós mulheres, a sociedade feminina, ou esta deveria ser uma regra universal em qualquer cultura que diferenciaria quem é ou não uma mulher de valor? Por que não podemos ser mais simples, agirmos de acordo com nossos desejos, sermos naturais, sem que eles homens, de um modo geral, se asssutem, ou sem que sejamos já avaliadas e pre´-taxadas por conta de atitudes isoladas, onde estas partes nos transformam em um todo que nem nós mesmas nos reconhecemos naquelas imagens! Nossa, quanta energia gasta a toa, quanta energia consumida. O jantar nem começou e já me sinto exausta, sem animo.

A conversa rola, mas parece que não ouvi nada do que foi dito ali. Onde estava? Onde estou agora? Perdida em meus devaneios? E a pergunta se repete: o que você acha? E agora, o que faço? Se perguntar sobre o que conversavam, pode parecer um tremendo desinteresse e decepção em relação a Rodrigo, o que não corresponde nem um pouco a verdade. Mas se der qualquer resposta sobre o que não sei, ai vou parecer uma tonta, futil, e ele vai se desinteressar de mim, se é que está interessado! Socorro!!!
Resolvo arriscar, e digo: não tenho uma opinião definida. Será que colou?

Rodrigo sorri, um sorriso iluminado, franco, quente e acolhedor. Que vontade de sentir como é estar no meio de seus braços, o calor de seus lábios envolvendo os meus. Me assusto com meus pensamentos. Mal o conheço! O que está acontecendo comigo?



Os pratos principais foram devorados entre “ ahans “ e risadas da minha parte, mergulhada demais em pensamentos para prestar atenção naquela conversa. Nem no prato. Comi o que mesmo? Como poderia estar com o coração palpitando desse jeito? Pedimos a sobremesa logo em seguida. Rodrigo e eu pedimos taças de merengue. Dei a primeira colherada, no morango mais vermelho e suculento, imaginando os lábios de Rodrigo. Deixei escapar um sorriso e olhei para ele de canto do olho, para ver se lia pensamentos. Vi que seus olhos me acompanhavam, atentamente. Havia um sorriso no canto dos seus lábios. Levou sua colher a boca, pesada pelo enorme morango que havia nela. Comeu-o em duas mordidas. Senti que corei. Para uma moça que não passava brilho nos lábios há dois meses, o encontro às escuras poderia terminar ali mesmo.